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Artigo na Climate Resilience and Sustainability atribui causa de chuva extrema em MG às mudanças climáticas

Pesquisadores do Brasil (INPE, CEMADEN, USP) e Reino Unido (Universidade de Oxford e MetOffice) acabam de publicar um novo estudo na revista internacional Climate Resilience and Sustainability onde descrevem os impactos do evento de chuva extrema que ocorreu em 2020 sobre o estado de Minas Gerais. Neste estudo, foi realizado um experimento com modelagem climática...
publicado: 17/08/2021 14h06 última modificação: 18/08/2021 10h15

Pesquisadores do Brasil (INPE, CEMADEN, USP) e Reino Unido (Universidade de Oxford e MetOffice) acabam de publicar um novo estudo na revista internacional Climate Resilience and Sustainability onde descrevem os impactos do evento de chuva extrema que ocorreu em 2020 sobre o estado de Minas Gerais. Neste estudo, foi realizado um experimento com modelagem climática para determinar se tal evento extremo pode ser atribuído às mudanças climáticas. O artigo foi intitulado: “Extreme rainfall and its impacts in the Brazilian Minas Gerais state in January 2020: Can we blame climate change?” (Tradução: Evento de chuva extrema e seus impactos no estado de Minas Gerais em Janeiro de 2020: podemos culpar as mudanças climáticas?). Link com acesso aberto para o estudo: https://rmets.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/cli2.15.

A pesquisa foi liderada por Ricardo Dalagnol, pesquisador pós-doutorado na Divisão de Observação da Terra e Geoinformática (DIOTG/INPE) e pesquisador honorário na Universidade de Manchester (Reino Unido); foi resultado de um workshop realizado em dezembro de 2020 organizado pela Dra. Liana Anderson (CEMADEN) junto com Dra. Sarah Sparrow (Universidade de Oxford) numa parceria do Reino Unido com Brasil para Parceria para Serviços de Ciência do Clima (CSSP-Brazil). Contou a participação dos pesquisadores Carolina B. Gramcianinov (IAG/USP), Natália Machado Crespo (IAG/USP), Rafael Luiz (CEMADEN), Julio Barboza Chiquetto (IEA/USP), Márcia T. A. Marques (IAG/USP), Giovanni Dolif Neto (CEMADEN), Rafael C. de Abreu (IAG/USP), Sihan Li (Universidade de Oxford) e Fraser C. Lott (MetOffice/Reino Unido).

Veja abaixo um vídeo para divulgação científica feito pelo Ricardo Dalagnol para resumir a pesquisa:

https://www.youtube.com/watch?v=bhCIfcJlyEU&ab_channel=RicardoDalagnol

Ricardo Dalagnol conta que: “Em janeiro de 2020 o estado de Minas Gerais foi afetado por um evento de chuva extrema causando grandes impactos na infraestrutura e na população. Porém, naquele momento, não se havia estimativa de perdas monetárias, mas sabia-se que milhares de pessoas ficaram temporariamente desabrigadas e que haviam algumas fatalidades. A principal questão que levantamos quando pensamos nesse desastre foi: será que esse evento pode ser atribuído às mudanças climáticas?”

Para resolver esse problema, os cientistas conduziram um experimento com modelagem climática, simulando um mundo sem e um mundo com efeitos da industrialização. Um dos principais resultados foi que as mudanças climáticas causadas pelo homem fizeram com que esse evento tivesse pelo menos 70% mais probabilidade de ocorrer. Utilizando-se da base de dados de impactos de desastres compilada pelo tecnologista do CEMADEN Rafael Luiz, o estudo mostrou que mais de 90 mil pessoas foram afetadas pelo evento, onde a maioria ficou temporariamente desabrigada; e pelo menos 1,3 bilhões de reais foi perdido nos setores públicos e privados. A maior parte dos danos foi causada na região sudeste de Minas Gerais (Figura 1 e 2). Os resultados mostraram que 41% de todos esses impactos podem ser atribuídos diretamente às mudanças climáticas causadas pelo homem.

 Mapa dos impactos humanos causados pelos eventos

Figura 1 – Mapas dos impactos humanos e econômicos causados pelo evento de chuva extrema em Minas Gerais em Janeiro de 2020.

 Impacto humano por localidade

 Figura 2 – Impacto humano do evento de chuva extrema em Minas Gerais em Janeiro de 2020.

“Efeitos de mudanças climáticas não são coisa para o futuro, e sim já estão batendo em nossa porta. O artigo evidencia a necessidade de se reduzir dramaticamente a emissão de gases do efeito estufa, por exemplo através da queima de combustíveis fósseis, desmatamento e queima da floresta Amazônica, mas também melhorar o planejamento urbano, especialmente em comunidades de baixa renda – as quais são as mais vulneráveis a esse tipo de desastre”, diz Ricardo Dalagnol.

Contato com o pesquisador líder do artigo:

Twitter: @RicardoDalagnol (https://twitter.com/RicardoDalagnol)