O artigo Connectivity patterns of Brazilian coral reefs associated with potential variation on thermal stress tolerance (Tradução: Padrões de conectividade dos recifes de coral brasileiros associados à potencial variação da tolerância ao estresse termal) foi publicado no periódico Frontiers in Marine Science pelos pesquisadores Gabriel Lucas Xavier da Silva (INPE/CGCT/DIOTG) e Milton Kampel (INPE/CGCT/DIOTG). O artigo é derivado da dissertação de mestrado no programa de pós-graduação em Sensoriamento Remoto do INPE, defendida pelo ex-aluno Gabriel Lucas em Julho/2022.

O artigo quantifica a conectividade entre os recifes de coral brasileiros a partir de simulações virtuais de dispersão larval em uma série temporal de 27 anos (1993–2019), utilizando um modelo biofísico acoplado a dados de correntes oceânicas e características biológicas da espécie Mussismilia hispida, um coral endêmico e de suma importância para a construção de recifes no Atlântico Sul. A conectividade foi incorporada ao cálculo de índices de estresse termal derivados por satélite a partir da temperatura da superfície do mar (TSM), posteriormente utilizados para estimar a ocorrência de eventos de branqueamento na região. O branqueamento refere-se ao fenômeno no qual o coral perde sua relação simbiótica com uma alga unicelular conhecida como zooxantela, geralmente associado a elevados níveis de TSM e outros fatores ambientais.

Ao comparar estatisticamente as estimativas de branqueamento com ocorrências reportadas na literatura, os autores identificaram que a incorporação da conectividade levou a estimativas significativamente mais próximas dos eventos de branqueamento reais em comparação às estimativas sem conectividade. Os resultados indicam que, em determinadas regiões, a conectividade é capaz de gerar uma variação potencial em torno de ±0,3°C na tolerância ao estresse termal local. Estas evidências corroboram com a hipótese de que a conectividade pode, de fato, possuir um papel importante na variação da tolerância ao estresse termal em corais brasileiros. Outras descobertas apontadas neste estudo incluem a influência de eventos de El Niño/La Niña na dispersão de larvas de coral ao longo da costa brasileira, capazes de interromper a conectividade entre recifes de coral durante estes períodos.

Mais informações estão disponíveis no artigo que pode ser acessado em: https://doi.org/10.3389/fmars.2022.1001185

Figura 1: Esquema representativo evidenciando: (1) Área de estudo, contendo a distribuição geográfica dos recifes de coral ao longo da margem continental brasileira (em vermelho) e as principais correntes oceânicas em superfície (em rosa); (2) Densidade de kernel das simulações de dispersão larval realizadas entre 1993-2019; (3) Variação da tolerância ao estresse termal entre as células recifais estudadas; (4) Comparação das estimativas de branqueamento com e sem influência da conectividade.