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Artigo na Remote Sensing discute desafios e limitações sobre produtos de Uso e Cobertura da terra para aplicações de mapeamento agrícola no Brasil
O artigo “Land Use and Land Cover Products for Agricultural Mapping Applications in Brazil: Challenges and Limitations” (Tradução: Produtos de Uso e Cobertura da Terra para Aplicações de Mapeamento Agrícola no Brasil: Desafios e Limitações) foi publicado no periódico Remote Sensing e é resultado da colaboração de pesquisadores do INPE, entre eles do Laboratório AgriRS - Divisão de Observação da Terra e Geoinformática (DIOTG-INPE) e também da University of Michigan, EMBRAPA Agricultura Digital, CONAB e UNESP (veja a relação dos pesquisadores no final do texto).
O artigo apresenta uma revisão abrangente de 13 produtos de uso e cobertura da terra (Land Use and Land Cover, LULC) disponíveis para aplicações agrícolas no Brasil, destacando vantagens, desafios, limitações e recomendações para aprimorar o monitoramento agrícola. O estudo, liderado por pesquisadores brasileiros em parceria com instituições nacionais e internacionais, analisou iniciativas globais, continentais, nacionais e regionais de mapeamento (Figura 1), comparando aspectos como resolução espacial, classes mapeadas, metodologia, precisão, frequência de atualização e cobertura temporal.
Os autores observaram que, embora haja uma grande diversidade de produtos LULC em diferentes escalas, ainda existem importantes desafios a serem superados. Produtos nacionais e regionais tendem a ser mais detalhados e adaptados à realidade agrícola do país, mas enfrentam dificuldades relacionadas à harmonização de classes, padronização de legendas, integração de dados e avaliação de acurácia. Por outro lado, produtos globais frequentemente subestimam a diversidade agrícola brasileira, especialmente em relação a representação de classes associadas à cultivos temporários, safras múltiplas, áreas de pousio, dentre outros, comuns em diferentes regiões do Brasil.
O artigo destaca a importância dos mapas de uso e cobertura da terra para o monitoramento agrícola, o planejamento territorial, a formulação de políticas públicas e a avaliação de mudanças ambientais. Essas informações são essenciais para estimar áreas cultivadas, acompanhar a expansão agrícola, monitorar o desmatamento e subsidiar programas de sustentabilidade e rastreabilidade, além de atender compromissos internacionais assumidos pelo Brasil.
Entre os principais desafios identificados, os autores ressaltam a necessidade urgente de padronização e harmonização das classes e metodologias entre diferentes iniciativas, além de avaliações de acurácia robustas e divulgação transparente de metadados. O estudo também recomenda a integração de dados de diferentes fontes e escalas, o investimento em inteligência artificial e em dados de alta resolução, bem como a atenção especial à dinâmica agrícola brasileira, marcada por safras múltiplas e alta variabilidade edafoclimática.
Como destaque, o artigo apresenta tabelas comparativas inéditas, detalhando as especificações técnicas dos principais produtos LULC utilizados no Brasil, e propõe recomendações práticas para aprimorar o monitoramento agrícola, com foco em interoperabilidade, transparência e adaptação à realidade nacional. Segundo os autores, o avanço nessas frentes é fundamental para garantir dados mais precisos e úteis para pesquisa, gestão e políticas públicas, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do setor agrícola brasileiro.
O estudo foi publicado na edição de julho de 2025 da revista Remote Sensing (volume 17, número 13, artigo 2324) e está disponível em acesso aberto no endereço: https://doi.org/10.3390/rs17132324.
Autores:
Priscilla Azevedo dos Santos: doutoranda no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
Marcos Adami: pesquisador no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
Michelle Cristina Araujo Picoli: pesquisadora na Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO)
Victor Hugo Rohden Prudente: pesquisador na University of Michigan (UofM)
Júlio César Dalla Mora Esquerdo: pesquisador na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Agricultura Digital)
Gilberto Ribeiro de Queiroz: pesquisador no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
Cleverton Tiago Carneiro de Santana: analista na Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)
Michel Eustáquio Dantas Chaves: professor pesquisador na Universidade Estadual Paulista (UNESP)
Figura 1. Linha do tempo das iniciativas com base na disponibilidade do intervalo temporal. Lacunas associadas à indisponibilidade de dados no intervalo temporal.
Contato para informações adicionais:
- Priscilla Azevedo dos Santos
- Email: priscilla.santos@inpe.br