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Artigo na Scientific Reports mostra Estrutura Coerente Lagrangiana climatológica, quase-estável, de transporte de partículas e de traçadores na superfície da Corrente do Brasil.

O artigo “Persistent meanders and eddies lead to quasi‑steady Lagrangian transport patterns in a weak western boundary current” (Tradução: Meandros e vórtices persistentes conduzem a padrão de transporte Lagrangiano quase-estável em uma corrente de contorno oeste fraca) foi publicado no periódico Scientific Reports por pesquisadores da OTG-INPE: Mainara Gouveia, João Lorenzzetti...
publicado: 04/02/2021 11h59 última modificação: 08/02/2021 16h08

O artigo “Persistent meanders and eddies lead to quasi‑steady Lagrangian transport patterns in a weak western boundary current” (Tradução: Meandros e vórtices persistentes conduzem a padrão de transporte Lagrangiano quase-estável em uma corrente de contorno oeste fraca) foi publicado no periódico Scientific Reports por pesquisadores da OTG-INPE: Mainara Gouveia, João Lorenzzetti e Douglas Gherardi, além dos pesquisadores: Rodrigo Duran (National Energy Technology Laboratory), Arcilan Assireu (Universidade Federal de Itajubá), Raquel Toste e Luiz Paulo Assad, ambos do LAMCE, COOPE-UFRJ.

Segundo os autores, o trabalho mostra como o transporte de partículas e traçadores na superfície da Corrente do Brasil, que flui de nordeste para sudoeste, é influenciado pelo meandramento persistente ao longo dos anos. A cinemática da região foi quantificada por médias mensais e anuais das Estruturas Coerentes Lagrangiana climatológicas (ECLc), coloridas de acordo com as médias mensais e anuais da força de atração climatológica (cρ), deformadas em chevrons pela corrente do Brasil. A implementação do código das ECLc contou com o apoio Dr. Duran da National Energy Technology Laboratory, Albany (USA). O artigo também mostra que estas estruturas podem ser importantes para determinar locais mais propícios à concentração de óleo no mar no caso de um vazamento, como o caso da Operadora Chevron em Novembro de 2011 e do recente vazamento ocorrido em Agosto de 2019 na costa brasileira.

O projeto também contou com o apoio das empresas PROOCEANO, PetroRio-S.A e da Petrobras.

O artigo está disponível em https://doi.org/10.1038/s41598-020-79386-9

Abaixo segue o resumo apresentado pelos autores:

A Corrente Brasil (CB) é uma corrente de contorno oeste fraca, que flui ao longo do Oceano Atlântico Sudoeste. A CB é frequentemente descrita como um fluxo com uma intensa atividade de mesoescala e relativamente baixo transporte de volume, entre 5,0 a 10,0 Sv. Foi realizada uma simulação oceânica ao longo de 13 anos, a fim de investigar que a presença de meandros e vórtices persistentes estão relacionados a padrões de transporte Lagrangiano quase-estáveis, extraídos por meio das Estruturas Coerentes Lagrangianas climatológicas (ECLc). As ECLc indicam que o eixo da CB posiciona-se ao longo da isóbata de  2000 m, em concordância com a temperatura da superfície do mar, obtida através do sensor de alta resolução e com a velocidade média Euleriana simulada. Os padrões de deformações das ECLc também respondem ao transporte transversal persistente à plataforma continental identificados com base na transição de valores positivos (altos), próximo à linha de costa, para valores negativos (baixos), entre as isóbatas de 200 a 2000 m, e positivos (altos), além da isóbata de 2000 m. Pares zonais de estruturas ciclônicas e anticiclônicas são incorporadas nessa transição, fazendo com que as ECLc se deformem em forma de "V", doravante chamadas de chevrons. Uma barreira de transporte é identificada próxima à isóbata de 200 m, confirmada pelo movimento limitado de flutuadores em direção à costa, e indicada por valores máximos de força de atração climatológica ao longo do talude. As estruturas persistentes ciclônicas e anticiclônicas também podem induzir transporte transversal na plataforma. Regiões com baixa força de atração climatológica coincidem com plataformas largas e com trajetórias estagnadas de flutuadores. As ECLc representam, com precisão, as trajetórias de derivadores sintéticos e derivadores rastreados por satélite iniciados no local do vazamento da Chevron (em Novembro de 2011) e com o contorno da mancha de óleo observada. Também há uma concordância entre as manchas de óleo que chegaram às praias brasileiras no evento ocorrido de Agosto de 2019 à Fevereiro de 2020 e a força de atração climatológica da região costeira. Os resultados obtidos no presente trabalho permitiram determinar a influência de persistentes estruturas coerentes de mesoescala na dinâmica da circulação regional. A identificação e a descrição quantitativa das estruturas coerentes  Lagrangianas climatológicas apresentam grande potencial para auxiliar no planejamento de respostas futuras de emergência à derramamentos de óleo, na elaboração de planos de contingência, operações de resgate, avaliação de conectividade larval e de peixes, estratégias para lançamentos de flutuadores, dispersão e destino de poluentes e lixo marinho.

 Análise do Estudo do Derrame de óleo da Chevron de 12 de novembro de 2011 no Campo Frade, Bacia de Campos

Figura: a) Vazamento de óleo da operadora Chevron, conforme observado, em cores naturais, pelo sensor MODIS em 12 de Novembro de 2011 às 10:30 (UTC−3)no campo de Frade (cortesia da Petrobras). b) A extensão do derramamento de óleo (polígono preenchido na cor vermelha) plotado sobre as ECLc mensais de Novembro coloridas de acordo comcρ. c) O derramamento de óleo (polígono preenchido de cor vermelha), as 30 trajetórias simuladas durante 60dias, entre em 1 de Novembro a 31 de Dezembro de 2011, pelo modelo ROMS (linhas roxas) e as trajetórias dos 06iSpheres(cortesia de ProOceano e PetroRio-SA), lançados entre Novembro e Dezembro de 2011 (linhas nas cores magenta, laranja, azul, amarelo, cinza e ciano), plotados ao longo das squeezelines climatológicos anuais (linhas na cor cinza). As datas dos lançamentos e os IDs de cada iSpheres estão identificadas no canto superior à direita. d)Derramamento de óleo (polígono de cor azul) plotado sobre a média mensal de Novembro das: velocidades de superfície oceânicas do ROMS (setas pretas),dos dados de TSM do MUR (mapa em cores) e das ECLc (linhas brancas). e) Derramamento de óleo (polígono vermelho), plotado sobre a média mensal de Novembro de ASM do ROMS (mapa em cores) e das ECLc (linhas bran-cas). f) Derramamento de óleo (polígono azul), plotado sobre a média mensal de Novembro da ECT do ROMS (mapa em cores, em escala de log) e das ECLc (linhas brancas). Os contornos de 200 e 2000mde profundidades estão indicados pelas linhas contínuas de cor preta.