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Artigo na Scientific Reports - Nature por pesquisadores do LOA/DIOTG evidencia os mecanismos físicos do oceano como fonte de calor.

O artigo "Oceanic SACZ produces an abnormally wet 2021/2022 rainy season in South America" (tradução: A Zona de Convergência do Atlântico Sul oceânica - ZCAS produz uma estação chuvosa 2021/2022 anormalmente úmida na América do Sul), liderado pelo pesquisador da DIOTG, Luciano Pezzi (LOA/DIOTG/INPE) foi publicado recentemente no periódico Scientific Reports, da Nature.
publicado: 26/01/2023 15h36 última modificação: 30/01/2023 11h42

O artigo "Oceanic SACZ produces an abnormally wet 2021/2022 rainy season in South America" (tradução: A Zona de Convergência do Atlântico Sul oceânica - ZCAS produz uma estação chuvosa 2021/2022 anormalmente úmida na América do Sul), liderado pelo pesquisador da DIOTG, Luciano Pezzi (LOA/DIOTG/INPE) foi publicado recentemente no periódico Scientific Reports, da Nature.

O artigo mostra, conforme explicado pelo Luciano, que no verão 2021/2022 ocorreram 7 casos da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) Oceânica, o que por si só já foi um fato bastante anômalo. Estes casos de ZCAS Oceânica produziram várias perdas sociais e econômicas no Sudeste do Brasil, conforme reportado no estudo. Nós mostramos, que a ZCAS Oceânica funcionou como um Rio Voador transportando a umidade, do “Rio Verde Aéreo” que se forma sobre a Região Amazônica, ate o Sudeste do Brasil. Pezzi informa também que: "o artigo mostra também a dinâmica e termodinâmica envolvida nesta animada conversa entre o oceano e a atmosfera. Utilizamos para tanto, os modelos numéricos acoplados, dados de satélite e dados da nossa boia meteoceoangráfica Criosfera 1 que encontrava-se em período de testes no Atlântico Sudoeste. Pezzi finaliza dizendo "este artigo tem um significado especial para mim, pois de forma inédita (eu acredito) mostrou os mecanismos físicos de como o oceano ainda funciona como fonte de calor, afetando assim a estabilidade da atmosfera sobrejacente, mesmo tendo sua superfície mais resfriada pela presença da ZCAS oceânica, foram revelados por nossos dados medidos pela boia Criosfera 1. Isto adiciona conhecimento científico ao funcionamento da ZCAS oceânica, até então desconhecido."

O artigo pode ser acessado aqui e o resumo está apresentado abaixo:

A Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) oceânica desempenhou um papel importante durante a estação chuvosa extrema de verão 2021/2022 da América do Sul, sendo responsável por mais de 90% da precipitação em algumas regiões do Sudeste do Brasil e em algumas regiões do Oceano Atlântico Sudoeste. O verão de 2021/2022 foi único e raro e considerado uma estação anomalamente úmida conforme constatado pelos institutos oficiais brasileiros. Primeiro, o número incomum de casos de episódios de ZCAS (sete), foi o maior registrado na última década. Em segundo lugar, todos os casos que ocorreram foram ZCAS oceânicas que assumiram características de um Rio Atmosférico e produziram uma quantidade excessivamente anômala de precipitação durante este período. O excesso de precipitação junto com as regiões localizadas em relevo montanhoso e muito acidentado, que por efeitos orográficos favorecem altos volumes de precipitação, foram responsáveis por amplificar os impactos observados, como deslizamentos de terra e enchentes que causaram diversos prejuízos à sociedade. Também mostramos os principais efeitos de acoplamento e interação entre as águas da camada superficial do Atlântico Sudoeste e a atmosfera. Nosso aprendizado com este estudo termina com os resultados sem precedentes de como a camada limite atmosférica marinha (CLAM) é modulada localmente pela temperatura da superfície do mar (TSM) que fica logo abaixo dela. Até o presente momento, ressaltamos que este importante mecanismo não foi amplamente destacado na literatura, mostrando que mesmo que o oceano esteja mais frio do que antes do estabelecimento da ZCAS oceânica, ele ainda está mais quente do que o ar sobrejacente, assim, o oceano continua a ser uma fonte ativa de calor e umidade para a atmosfera, potencializando o processo de instabilidade da CLAM.

 Precipitação simulada e observada para ZCAS

Figura: Precipitação simulada (a) e precipitação observada (b) para os três casos em que a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) oceânica foi ancorada mais ao norte. Os painéis (c,d) são para os quatro casos ZCAS oceânicos quando foram ancorados mais ao sul. A precipitação é em mm/dia. Sistema de análise e exibição de grade (GrADS), versão 2.2.1.oga.1.