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Estudo publicado na South American Earth Sciences evidencia variações do relevo da Amazônia central relacionadas à idade do terreno

Por Márcio de Morisson Valeriano e Dilce de Fátima Rossetti No planalto sedimentar Amazônia central (coloquialmente, terra firme), sulcos fluviais de pequenos rios predominam como feição de maior expressão topográfica, formando padrões regionais de diferentes níveis de dissecação do terreno de acordo com combinações entre sua densidade e profundidade...
publicado: 23/11/2022 17h08 última modificação: 25/11/2022 10h34

Por Márcio de Morisson Valeriano e Dilce de Fátima Rossetti

No planalto sedimentar Amazônia central (coloquialmente, terra firme), sulcos fluviais de pequenos rios predominam como feição de maior expressão topográfica, formando padrões regionais de diferentes níveis de dissecação do terreno de acordo com combinações entre sua densidade e profundidade (Figura 1). O descritor geomorfométrico específico para esta condição expressa a dissecação regional em volume de sedimento removido por unidade de área (m3/ha). Os níveis regionais de dissecação são indicativos do tempo geológico de exposição dos depósitos sedimentares aos processos de desenvolvimento fluvial, ou simplificando, a idade do terreno.

 Detalhes dos terrenos em níveis crescentes de dissecação do solo

Figura 1 - Detalhes em perspectiva do modelo digital de elevação (MDE), em terrenos de níveis crescentes de dissecação (DV), de A (5 000 m3/ha) até F (88 000 m3/ha).

O cálculo se baseia no modelo da paleosuperfície anterior aos processos de dissecação, construído com técnicas que simulam o “preenchimento” dos sulcos fluviais. Os resíduos entre a superfície atual (o MDE) e a paleosuperfície foram integrados em unidades regionais delimitadas por segmentos da paleosuperfície.

As variações da intensidade de dissecação mostraram-se coerentes com a expectativa geral de distribuição entre as diferentes formações geológicas da área (Figura 2). Comparações entre os dados geológicos e os níveis de dissecação indicam que as condições observadas para a formação Içá (em vermelho, Figura 2-A) não se estendem à maioria desta área, como fazem os mapas geológicos (Figura 2-B). Numa eventual revisão desta formação ante um conjunto de evidências, o mapeamento da dissecação do solo poderá situar a maior parte da Amazônia central em idade geológica mais recente do que os mapeamentos disponíveis registram.

Mapa do Volume de dissecação do solo (A) e Mapa Geológico da Amazônia Central

Figura 2 – Mapa do volume dissecação (A) e mapa geológico da Amazônia central (B). Observe que a foz do rio Içá, onde a unidade foi descrita, encontra-se em área de alta dissecação do solo, a oeste da linha sólida, onde as formações Içá e Solimões dividem território. Em contraste, a maior parte da Amazônia central (a leste da linha) apresenta baixa dissecação, indicando um terreno mais jovem.

A publicação do artigo “Regional Dissection Volume in Central Amazonia Sedimentary Plateau Mapped from SRTM-DE” está disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jsames.2022.104090