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Estimativas em larga escala da dinâmica e avaliação de mortalidade na floresta amazônica

Pesquisadores do INPE em colaboração com Universidade de Leeds (Reino Unido) e Universidade de Birmingham (Reino Unido) acabam de publicar um novo estudo na revista internacional Scientific Reports onde descrevem um novo método para estudar as clareiras florestais e mortalidade de árvores na Amazônia usando dados de laser aerotransportado. O estudo foi ...
publicado: 14/01/2021 11h21 última modificação: 14/01/2021 15h24

Pesquisadores do INPE em colaboração com Universidade de Leeds (Reino Unido) e Universidade de Birmingham (Reino Unido) acabam de publicar um novo estudo na revista internacional Scientific Reports onde descrevem um novo método para estudar as clareiras florestais e mortalidade de árvores na Amazônia usando dados de laser aerotransportado. O estudo foi intitulado: “Large-scale variations in the dynamics of Amazon forest canopy gaps from airborne lidar data and opportunities for tree mortality estimates”. Esse estudo financiado pela agência FAPESP foi liderado por Ricardo Dalagnol, egresso da pós-graduação em sensoriamento remoto do INPE (PGSER) e que atualmente trabalha como pesquisador pós-doutorado (postdoc) na Divisão de Observação da Terra e Geoinformática (DIOTG/INPE). Contou a participação dos pesquisadores Luiz Aragão, Lênio Galvão, e Annia Streher, todos da DIOTG/INPE; Jean Ometto do DIIAV/INPE; e Fabien Wagner da FUNCATE (Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais). Link para o estudo: www.nature.com/articles/s41598-020-80809-w

“A mortalidade de árvores tem aumentado na Amazônia nas últimas décadas e isso é muito preocupante, pois ela está afeta diretamente os estoques de carbono. A tecnologia laser, também chamada de Lidar (do inglês "light detection and ranging"), pode nos ajudar a mapear as clareiras na floresta e a mortalidade de árvores para buscarmos um entendimento dos fatores ambientais e climáticos que contribuem para a mortalidade. Se uma árvore cai na floresta e tivermos dados coletados antes e depois da queda, podemos ver a formação dessa clareira após a queda da árvore. Logo, a formação de clareiras pode estar associada à parte da mortalidade”, disse Ricardo Dalagnol.

 Observação por Lidar, nuvem de pontos e perfil de clareira

Figura 1 – Uma floresta na Amazônia sendo observada com dados Lidar aerotransportado. Nuvem de pontos Lidar vista de cima (à esquerda em baixo), vista em 3D (à direita em baixo), e um perfil ressaltando uma clareira ou em inglês "gap" (em cima). Fonte: Ricardo Dalagnol.

As principais conclusões do estudo foram que as clareiras mapeadas pelo Lidar carregam informação sobre o funcionamento da floresta e mortalidade de árvores. Esses dados coletados através de avião permitem a amostragem de lugares longínquos na Amazônia, onde trabalhos de campo não são possíveis de serem realizados e amostrando centenas de quilômetros quadrados de uma só vez. Os pesquisadores também descobriram que os principais fatores para a dinâmica das clareiras foram o estresse hídrico, a fertilidade do solo, as planícies aluviais e a degradação florestal. A região oeste e sudeste da Amazônia brasileira apresentaram maior quantidade de clareiras, regiões que coincidem com maior influência humana próximo do arco do desmatamento. Nessas regiões a dinâmica da floresta é 20-35% mais rápida do que na região central-leste e norte, ou seja, há uma maior criação de clareiras e mortalidade.

 

Distribuição dos locais estudados na Floresta Amazônica brasileira

Figura 2 – Estimativas de larga escala da dinâmica de clareiras na Amazônia (% de novas clareiras por ano). Fonte: Dalagnol et al. 2021 (www.nature.com/articles/s41598-020-80809-w).

O banco de dados utilizado no estudo consistiu em mais de 600 sobrevoos (300 m de largura por 12,5 km de comprimento) sobre a Amazônia brasileira. Esses dados foram adquiridos através do projeto EBA (Estimativa de Biomassa na Amazônia) do DIIAV/INPE, liderado por Jean Ometto. "A meu ver esse projeto foi único e brilhante, pois trouxe dados Lidar sobre toda a Amazônia Brasileira, sobre áreas com presença humana nos arredores, mas também sobre muitas regiões onde não se conhece a floresta e não se tem dados algum. Eles estão permitindo o desenvolvimento de muita pesquisa para ajudar a nossa sociedade nos compromissos sobre mudanças climáticas e no desenvolvimento sustentável", disse Ricardo Dalagnol.

 

Para contato com o pesquisador:

Email: ricds@hotmail.com / ricardo.silva@inpe.br

Twitter: @RicardoDalagnol (https://twitter.com/RicardoDalagnol)