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Estudo sobre Incêndios florestais aponta perda de mais de R$ 980 milhões para a sociedade

Artigo publicado no renomado periódico Remote Sensing (abril/2019) - Translating Fire Impacts in Southwestern Amazonia into Economic Costs (Traduzindo os Impactos do Fogo no Sudoeste da Amazônia em Custos Econômicos) pelos pesquisadores da OBT/INPE em colaboração com o CEMADEN traz informações importantes sobre valoração ambiental no Estado do Acre.
publicado: 17/05/2019 16h09 última modificação: 17/05/2019 17h13

Artigo publicado no renomado periódico Remote Sensing (abril/2019) - Translating Fire Impacts in Southwestern Amazonia into Economic Costs (Traduzindo os Impactos do Fogo no Sudoeste da Amazônia em Custos Econômicos) pelos pesquisadores da OBT/INPE em colaboração com o CEMADEN traz informações importantes sobre valoração ambiental no Estado do Acre.

O principal autor, Wesley Campanharo, é doutorando do Programa de Sensoriamento Remoto – INPE e resume abaixo o trabalho desenvolvido no Estado do Acre que acumulou perdas de mais de R$ 980 milhões de reais devido a incêndios florestais (equivalente a 9% do seu PIB).

Resumo:

O Estudo assim como outros sugeridos ao longo da última década, infere que em anos de eventos de secas extremas como o de 2010, a região do Acre sofreu com o aumento de mil km² de florestas queimadas em relação aos anos com regime de chuva dentro do normal.

Os resultados mostraram que a área queimada foi em média de 130km² para os anos de 2008, 2009, 2011 e 2012, enquanto para o ano de 2010 este valor está na ordem de 2 mil km² (figura ao final do texto). Podendo ser observado a distribuição deste fenômeno no Mapa, em que é bastante significativa próximo a região de Rio Branco.

O Estudo separou o impacto por domínio da área, ou seja, qual é a responsabilidade gestora da área. Os resultados demonstraram que mais de 98% das áreas que sofreram incêndios florestais são de responsabilidade da sociedade civil, onde as grandes propriedades se destacam com mais de 52% das áreas queimadas. Porém, o Estudo não aponta se estas áreas queimadas foram convertidas em uso agrícola ou outro uso, sendo estes próximos passos da pesquisa em andamento.

As áreas de domínio da União representaram em média 2% do total de áreas queimadas. Em que 31 territórios Indígenas foram afetados entre 2008 e 2012, onde a comunidade Mamoadate apresentou a maior área queimada em 2010 (cerca de 11,20 km²), sendo o único território indígena que queimou duas vezes seguidas.As Unidades de Conservação do tipo “Reserva Extrativista” foram as que apresentaram a maior área queimada, destacando a RESEX Chico Mendes, que apresentou as maiores áreas ao longo dos anos estudados. Sofrendo com incêndios florestais em 2008, 2010 e 2011, sendo o de 2010 o mais significativo, cerca de 35km², o que corresponde a 0,4% da RESEX. Este tipo de Unidade de Conservação permite que populações tradicionais exerçam atividades baseadas no extrativismo, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte. Estas atividades podem necessitar da utilização do fogo como opção mais barata e acessível dentro de alguma técnica de manejo agrícola. Entretanto devem se seguir as orientações estabelecidas em Plano de Manejo além de tomar precauções e seguir orientações técnicas de uso, para que não saiam de controle.

O Estudo apontou entre outros impactos, a perda valorada pela emissão de gás carbônico, pela queima de cercas, pela perda de produção agrícola, pelo reestabelecimento da produção agrícola e pelo tratamento hospitalar de problemas respiratórios derivados da fumaça de incêndios.

Segundo a orientadora de Wesley na PGSER e pesquisadora do CEMADEN, Liana Anderson, os impactos socioeconômicos e ambientais quantificados no estudo podem ser considerados subestimados. Isto ocorre porque não foram avaliados todos os impactos diretos e indiretos dos incêndios florestais, como por exemplo, a perda de serviços ecossistêmicos destas florestas, como biodiversidade e oferta de produtos florestais das comunidades que exploram estes recursos, como castanha e óleos vegetais. Além disso, aspectos sociais, como perdas de infraestrutura na propriedade e equipamentos dos produtores não foram quantificados.

Figura. Resumo dos resultados do artigo. (a) Área queimada total em km² por ano analisado, onde as cores representam as datas no mapa. Área queimada por: (b) Tipo de Uso e Cobertura; (c) Domínio da área, subdividido em (d) Domínio Governamental, e (e) Domínio Privado. Além do valor estimado (f) para os grupos de perdas.