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INPE monitora evento de maré vermelha no litoral norte de São Paulo

(Notícia reproduzida de www.gov.br/inpe) Um fenômeno conhecido como "maré vermelha" tem sido observado no litoral norte de São Paulo, nas regiões de São Sebastião e Ilhabela, desde meados de janeiro de 2025. O evento, caracterizado por extensas manchas vermelhas na superfície do mar, é causado pela alta concentração de Mesodinium...
publicado: 03/02/2025 11h24 última modificação: 03/02/2025 11h38

(Notícia reproduzida de www.gov.br/inpe) Um fenômeno conhecido como "maré vermelha" tem sido observado no litoral norte de São Paulo, nas regiões de São Sebastião e Ilhabela, desde meados de janeiro de 2025. O evento, caracterizado por extensas manchas vermelhas na superfície do mar, é causado pela alta concentração de Mesodinium rubrum, um microorganismo que, embora não seja tóxico, pode impactar o ecossistema marinho. O Mesodinium rubrum é um ciliado mixotrófico, capaz de se alimentar e realizar fotossíntese, e sua presença em grandes quantidades pode levar à hipoxia (redução de oxigênio na água) após o declínio da floração. Além disso, esse organismo serve de alimento para dinoflagelados do gênero Dinophysis, que podem produzir toxinas perigosas para a saúde humana.

O monitoramento do fenômeno está sendo realizado pelo Laboratório de Instrumentação de Sistemas Aquáticos (LabISA) da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática (DIOTG) do INPE do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em parceria com o Centro de Biologia Marinha da USP (CEBIMar) e com o Geospatial Computing for Environmental Research Lab (GCER) da Mississippi State University. Imagens de satélites da Agência Espacial Europeia (ESA), como o Sentinel-3/OLCI e o Sentinel-2/MSI, têm sido utilizadas para acompanhar a evolução das manchas vermelhas. Enquanto o Sentinel-3/OLCI permite uma revisita diária, o Sentinel-2/MSI, com revisita a cada 5 dias, foi utilizado para observar a mancha em uma escala espacial maior, embora com menor frequência temporal. Esses satélites fornecem dados com resolução espacial de 10 a 300 metros, permitindo a identificação precisa das áreas afetadas e o direcionamento de coletas de amostras in situ.

A colaboração de instituições como o ICMBio, o Parque Estadual da Ilhabela e o CEBIMar/USP, que cederam embarcações e equipes para coleta de dados, tem sido fundamental para validar as observações feitas por satélite. As análises microscópicas confirmaram a predominância de Mesodinium rubrum nas amostras coletadas. Embora o fenômeno não represente um risco direto à saúde humana, o monitoramento contínuo é essencial para antecipar possíveis impactos ambientais e evitar situações como a ocorrida em 2016, quando uma floração de Dinophysis levou ao embargo do consumo de ostras e mexilhões no litoral paulista.

Para mais informações técnicas sobre o evento, consulte a Nota Técnica elaborada pelo LabISA/INPE, CEBIMar/USP e GCER/Mississippi State University. O INPE e seus parceiros reforçam a importância do uso de tecnologias de sensoriamento remoto para o monitoramento ambiental, garantindo a segurança das comunidades costeiras e a preservação dos ecossistemas marinhos. A população é orientada a seguir as recomendações das autoridades locais e evitar o contato com áreas onde as manchas vermelhas são visíveis.

Avistamentos da maré vermelha in situ

Figura 1: Avistamentos da maré vermelha in-situ. Fonte: Gustavo Luiz Benedito dos Santos, comandante da embarcação Capitão Ximango (https://www.instagram.com/cap.ximango/)

 

Imagens OLCI/Sentinel-3 (R11-G6-B4) entre os dias 11 e 25/01/2025.

Figura 2.  Imagens OLCI/Sentinel-3 em composição falsa-cor (R11-G6-B4) entre os dias 11 e 25/01/2025. Em todas as imagens, obtemos coordenadas e observações em microscópio que corresponderam ao padrão ilustrado no tratamento das mesmas.

 

Imagens MSI/Sentinel-2. A) Dia 31/12/2024. B) Dia 10/01/2025. C) Dia 15/01/2025. D) Dia 20/01/2025.

Figura 3.  Imagens MSI/Sentinel-2 em composição cor verdadeira. A) Dia 31/12/2024. B) Dia 10/01/2025. C) Dia 15/01/2025. D) Dia 20/01/2025. Avistamentos (horários e coordenadas), providos pelas embarcações Capitão Ximango, Santa Clara, e botes do ICMBio


Imagens MSI/Sentinel-2. A) Dia 31/12/2024. B) Dia 10/01/2025. C) Dia 15/01/2025. D) Dia 20/01/2025.

Figura 4.  Imagens MSI/Sentinel-2 em composição falsa-cor. A) Dia 31/12/2024. B) Dia 10/01/2025. C) Dia 15/01/2025. D) Dia 20/01/2025. Avistamentos (horários e coordenadas), providos pelas embarcações Capitão Ximango, Santa Clara, e botes do ICMBio