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LabISA (DIOTG/CGCT/INPE) e instituições parceiras lançam BRAZA: Base de Dados Bio-Ópticos do Brasil para o Monitoramento da Qualidade da Água por Sensoriamento Remoto

O BRAZA é uma nova e curada base de dados bio-ópticos, especificamente projetada para o sensoriamento remoto da qualidade da água em sistemas aquáticos costeiros e interiores do Brasil. Ele reúne 2.895 medições em mais de 128 lagos, rios, reservatórios e áreas costeiras das cinco regiões administrativas do país, representando...
publicado: 19/08/2025 10h35 última modificação: 19/08/2025 10h38

A qualidade da água é um pilar fundamental para a saúde dos ecossistemas e para a vida humana, mas monitorar a vasta e complexa rede hídrica do Brasil é um desafio monumental. Atividades humanas, como desmatamento, mineração ilegal e expansão agrícola, ameaçam seriamente nossos recursos hídricos, demandando um sistema de monitoramento robusto e abrangente. Enquanto as estações de monitoramento tradicionais oferecem dados essenciais, sua cobertura temporal e espacial é frequentemente limitada.

É neste contexto que o sensoriamento remoto se destaca, oferecendo uma visão sinóptica e observações de alta resolução para complementar e expandir o monitoramento da qualidade da água em larga escala, de forma mais eficiente e econômica.

No entanto, para que o sensoriamento remoto produza resultados confiáveis, são necessárias bases de dados abrangentes e de alta qualidade, que capturem a enorme complexidade bio-óptica das águas brasileiras. É com essa visão que pesquisadores do LabISA-INPE, em uma colaboração inédita com 17 instituições do Brasil e dos Estados Unidos, orgulhosamente apresentam o BRAZA (Bio-optical database for remote sensing of water quality in BRAZil coAstal and inland waters). ( https://www.nature.com/articles/s41597-025-05609-1)

O que é o BRAZA?

O BRAZA é uma nova e curada base de dados bio-ópticos, especificamente projetada para o sensoriamento remoto da qualidade da água em sistemas aquáticos costeiros e interiores do Brasil. Ele reúne 2.895 medições em mais de 128 lagos, rios, reservatórios e áreas costeiras das cinco regiões administrativas do país, representando um avanço significativo no suporte à análise da qualidade da água baseada em sensoriamento remoto no Brasil (Veja na Figura 01).

 

Conjunto de dados do BRAZA disponíveis no Brasil

 Figura 01. Dados disponíveis no Brasil.

Este conjunto de dados inclui medições de Reflectância de Sensoriamento Remoto (Rrs) e variáveis de qualidade de água, como as seguintes:

• Clorofila-a (Chl-a) e Ficocianina (importantes indicadores de biomassa do fitoplâncton);

• Sedimentos Suspensos (Totais, Orgânicos e Inorgânicos - TSS, TSO, TSI);

• Coeficiente de Absorção em 440nm pela Matéria Orgânica Dissolvida Colorida (aCDOM(440));

• Profundidade do Disco de Secchi (Zsd);

• Turbidez;

• Carbono Total, Orgânico e Inorgânico Dissolvido (DTC, DOC, DIC).

A diversidade das águas brasileiras é bastante evidenciada no BRAZA, abrangendo desde as águas ricas em matéria orgânica e inorgânica na Amazônia (e.g., Rio Negro e Solimões), reservatórios eutróficos em São Paulo e Rio de Janeiro, águas claras, como as do reservatório de Três Marias em Minas Gerais e as costeiras do Arquipélago de Alcatrazes. A construção do BRAZA envolveu um rigoroso controle de qualidade e uma metodologia padronizada para coleta e organização dos dados, garantindo sua confiabilidade para o desenvolvimento de modelos e algoritmos avançados.

 

 Variações das classes ópticas de acordo com os pontos coletados

Figura 02. Variações das classes ópticas de acordo com os pontos coletados.

Este esforço colaborativo, liderado pelo LabISA-INPE, é um recurso importante para a comunidade científica. O BRAZA está disponível publicamente no nature scientific data (https://doi.org/10.6084/m9.figshare.28566197), com scripts de controle de qualidade e processamento de dados também acessíveis no Zenodo (https://zenodo.org/records/15690038). Isso promove a colaboração e acelera o desenvolvimento de produtos confiáveis de monitoramento da qualidade da água para todo o Brasil, apoiando a gestão ambiental e a tomada de decisões.

Este projeto só foi possível graças ao apoio de todos os colaboradores, do pessoal de campo e do laboratório, além de diversas agências de fomento nacionais e internacionais. Um agradecimento especial a FAPESP pelo financiamento da bolsa de Pós-Doutorado do primeiro autor (2023/13904-7), além de outras instituições, incluindo também CAPES, FAPEAM, CNPq, FAPESQ, FAPERO, FAPERJ, FAPT e FAPDF, além de órgãos como a Agência Espacial Brasileira (AEB).