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LabISA-INPE participa de estudo avaliando a magnitude do processo hidrossedimentológico após o evento extremo de chuva em 2024 no Rio Grande do Sul

O desastre climático de 2024 no Rio Grande do Sul (com mais de 950 mm de chuva em 14 dias, mais de 15 mil escorregamentos e níveis de inundação históricos nos principais rios do Estado) mobilizou sedimentos que geraram novas ilhas (no Rio Guaíba principalmente), assoreou corpos hídricos e gerou uma acalorada discussão sobre dragagem e desassoreamento.
publicado: 03/12/2025 18h30 última modificação: 03/12/2025 18h37

O desastre climático de 2024 no Rio Grande do Sul (com mais de 950 mm de chuva em 14 dias, mais de 15 mil escorregamentos e níveis de inundação históricos nos principais rios do Estado) mobilizou sedimentos que geraram novas ilhas (no Rio Guaíba principalmente), assoreou corpos hídricos e gerou uma acalorada discussão sobre dragagem e desassoreamento. Quem acompanhou o evento do ano passado lembra dos problemas com monitoramento de níveis e vazões. Esta ausência de monitoramento prejudicou não apenas as previsões hidrológicas, mas também expôs a ausência de estimativas consolidadas de transporte de sedimentos em escala de bacia durante os eventos extremos vivenciados.

Dessa forma, o artigo “Simulating suspended sediment transport during the 2023–2024 floods in southern Brazil” responde diretamente a essa necessidade. Utilizamos o modelo hidrossedimentológico MGB-SED, calibrado com foco explícito em eventos extremos, e validado com sensoriamento remoto usando imagens Sentinel-2/MSI processadas com algoritmo Random Forest treinado a partir da base de dados global GLORIA (Figura 01).

 Resumo gráfico do Artigo

 Figura 01. Fluxograma do artigo.

 

Os resultados demonstram a magnitude inédita do processo hidrossedimentológico em 2024 (Figura 02).

1. 4,9 milhões de toneladas de sedimentos em suspensão chegaram ao Guaíba.

2. O pico diário atingiu ~461 kt/dia, 63 vezes acima da média histórica.

3. O Taquari-Antas foi responsável por mais de 60% de toda a carga mobilizada.

4. Observou-se uma variedade de padrões de histerese (horário, anti-horário, “oito”), reforçando a complexidade entre hidrologia, geomorfologia e distribuição espacial das chuvas.

5. As planícies de inundação do Jacuí tiveram papel decisivo na retenção e modulação dos sedimentos.

Este estudo representa a união entre ciência aplicada e a demanda urgente por dados confiáveis. Em um cenário de reconstrução e rediscussão de estratégias como dragagem, planejamento urbano, recomposição de áreas de risco e soluções baseadas na natureza, quantificar o fluxo de sedimentos é um insumo estratégico. À medida que eventos extremos se tornam mais frequentes, integrar modelagem, monitoramento e cooperação entre universidades, empresas e gestores será fundamental para elevar a resiliência do Rio Grande do Sul e melhorar nossa capacidade de previsão e resposta.

Descarga de sedimentos em suspensão nos Rios Jacuí, Taquarí-Antas (saída) e Guaíba (entrada) 

Figura 02: Descarga de sedimentos em suspensão nos Rios Jacuí, Taquarí-Antas (saída) e Guaíba (entrada).