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Pesquisa mostra nova ferramenta para a previsão de ZCAS

Artigo publicado no Frontiers in Environmental Science (2020) – Automated Detection Algorithm for SACZ, Oceanic SACZ, and Their Climatological Features (Tradução: Algoritmo de detecção automática para ZCAS, ZCAS oceânico e seus aspectos climatológicos) pelos pesquisadores da OBT/INPE fornece um método automático para classificar e caracterizar ...
publicado: 16/03/2020 17h33 última modificação: 17/03/2020 10h35

Artigo publicado no Frontiers in Environmental Science (2020) – Automated Detection Algorithm for SACZ, Oceanic SACZ, and Their Climatological Features (Tradução: Algoritmo de detecção automática para ZCAS, ZCAS oceânico e seus aspectos climatológicos) pelos pesquisadores da OBT/INPE fornece um método automático para classificar e caracterizar uma ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul). A principal autora, Eliana Rosa, é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sensoriamento Remoto – INPE e resume abaixo o trabalho:

            Historicamente a região sudeste do Brasil já enfrentou diversas situações de seca severa, alagamentos, enchentes e deslizamentos. Estes fenômenos de tempo geralmente causam prejuízos sócio-econômicos e são provocados por alterações no padrão da precipitação, especialmente durante o verão, que é a estação chuvosa no sudeste brasileiro.

            Um dos principais sistemas meteorológicos que regula a precipitação durante o verão é a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Nas imagens de satélite a ZCAS aparece como uma banda de nebulosidade quase contínua e alongada na direção Noroeste-Sudeste, que cobre as regiões Amazônica, centro-oeste e sudeste do Brasil, persistindo por pelo menos quatro dias consecutivos. De forma simplificada, quanto mais prolongada e intensa a atuação da ZCAS, mais precipitação ocorre. A situação inversa é verdadeira.

            Este trabalho tem duas principais contribuições, a primeira é fornecer um método objetivo, automático (sem a necessidade da interpretação humana) e de fácil aplicação para detectar e classificar este sistema meteorológico em duas categorias, ZCAS (111 episódios encontrados) e ZCAS Oceânica (17 episódios encontrados). O método é baseado em imagens satelitais de Radiação de Onda Longa, um indicativo da cobertura e da intensiade de nuvens.

            A segunda principal contribuição deste trabalho é fornecer uma caracterização climatológica da ZCAS e ZCAS Oceânica. Os resultados mostram que, em média, um episódio de ZCAS dura 6 dias consecutivos e libera aproximadamente 90 mm de precipitação. Dando enfonque à região sudeste, durante a ZCAS a precipitação ocorre sobre o sul de MG, RJ e norte de SP. Já durante a ZCAS Oceânica a precipitação é mais intensa e deslocada para norte, atingindo o norte de MG, ES e o sul da BA.

            A ZCAS Oceânica é uma situação atípica, com apenas 17 episódios ocorridos em 21 anos, porém de extremo interesse à população. Um episódio clássico de ZCAS Oceânica que ilustra sua importância ocorreu em dezembro de 2013, com duração de 21 dias e 400 mm de chuva liberados sobre o norte de MG e ES, sendo responsável por deslizamentos, enchentes e alagamentos.

            O método aqui desenvolvido pode ser aplicado aos dados de modelos de previsão do tempo e ser utilizado como uma ferramenta para prever a ocorrência da ZCAS ou ZCAS Oceânica. Também pode ser aplicado aos dados de cenários de mudanças climáticas, afim de avaliar as possíveis variações na duração e intensidade da ZCAS e ZCAS Oceânica que possam impactar o padrão de precipitação durante o verão.

            O trabalho está disponível aqui.

 Ferramenta previsão ZCAS

 Figura: Painéis superiores mostram a média da Radiação de Onda Longa Emitida (em W m⁻²) durante a ZCAS (esquerda) e ZCAS Oceânica (direita). Painel inferior mostra ocorrência da ZCAS (em dias) ao longo dos 21 verões analisados.