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Pesquisadores da OBT evidenciam o papel da pluma do Rio Amazonas na intensificação do ciclo hidrológico na Amazônia

Artigo publicado no Geophysical Research Letters (2019) - The Role of the Amazon River Plume on the Intensification of the Hydrological Cycle (Traduzindo: O papel da pluma do rio Amazonas na intensificação do ciclo hidrológico) pelos pesquisadores da OBT/INPE evidencia que o aquecimento do oceano está provocando um aumento na quantidade de ...
publicado: 22/11/2019 11h29 última modificação: 22/11/2019 15h48

Artigo publicado no Geophysical Research Letters (2019) - The Role of the Amazon River Plume on the Intensification of the Hydrological Cycle (Traduzindo: O papel da pluma do rio Amazonas na intensificação do ciclo hidrológico) pelos pesquisadores da OBT/INPE evidencia que o aquecimento do oceano está provocando um aumento na quantidade de umidade transportada para o interior do continente ao longo dos anos, aumentando a quantidade de água doce despejada no oceano.

O principal autor, Nelson Gouveia, é doutorando do Programa de Pós-Graduação em Sensoriamento Remoto – INPE e resume abaixo o trabalho:

Resumo:

Nas últimas três décadas, a bacia Amazônica tem experimentado um aumento na descarga dos rios durante a estação chuvosa (de dezembro a maio) e redução dos níveis de água durante a estação seca (de junho a novembro). Isso tem sido chamado por especialistas de intensificação do ciclo hidrológico. Nosso estudo teve como objetivo analisar, a partir deste fenômeno, qual parte da bacia do rio Amazonas contribui mais para a redução da salinidade da superfície no Atlântico tropical, seu possível mecanismo de retroalimentação e as implicações para o sistema climático.

Nós analisamos diferentes dados de satélites e medições in situ, o que permitiu identificar a presença de uma tendência positiva de precipitação (Figura-c) na porção oeste da bacia Amazônica, a qual segue o aquecimento de longo prazo do Atlântico tropical (Figura-a). Isso evidencia que esse aquecimento no oceano está provocando um aumento na quantidade de umidade transportada para o interior do continente ao longo dos anos (Figura-b). Como consequência, uma maior quantidade total de água doce é despejada no oceano (Figura-d), reduzindo a salinidade da pluma do rio Amazonas a uma taxa de 3,5% ao ano na principal via de exportação de água da pluma.

Os resultados sugerem que essa maior quantidade de água doce lançada no oceano poderia induzir uma redução na profundidade da camada de mistura, contribuindo para uma intensificação das correntes oceânicas superficiais e o aquecimento da superfície do oceano (Figura-e). Esse aquecimento, em contrapartida, provocaria uma retroalimentação do processo de intensificação do ciclo hidrológico.

Os dados de satélite permitiram constatar que a água acumulada na porção oeste da bacia do rio Amazonas é responsável pela maior parte da mudança na salinidade da superfície do Oceano Atlântico tropical. De modo que qualquer impacto no uso e cobertura da terra nessa região, como por exemplo, o desmatamento, terá um reflexo na circulação e no aquecimento do oceano.

 Modelo Conceitual do Ciclo Hidrologico - Gouveia e col 2019

Modelo conceitual do impacto da intensificação hidrológica da Bacia Amazônica na porção oeste do Atlântico Tropical Norte. (a) O aumento do fluxo de calor latente para a atmosfera induzido pelo aquecimento do Atlântico, introduzindo mais umidade na atmosfera. (b) O excesso de umidade é transportado para a bacia Amazônica através pelos ventos alísios que levam a um (c) aumento da precipitação, onde setas azuis indicam as áreas que apresentam tendência significativas. Esses processos levariam à (d) descarga de mais água do rio para o oceano, (e) fortalecendo a formação de uma camada barreira.

 O Artigo está disponível momentaneamente em: https://doi.org/10.1029/2019GL084302