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Pesquisadores do MOceanS-DIOTG, em colaboração com o Institute of Science Tokyo publicam estudo analisando três décadas de branqueamento de corais no Brasil
Um novo estudo liderado por pesquisadores brasileiros e japoneses avaliou 30 anos de registros de branqueamento de corais no Oceano Atlântico Sudoeste, com foco na relação entre esses eventos e o aumento da temperatura da superfície do mar. O branqueamento ocorre quando os corais, sob estresse térmico, perdem as algas simbióticas que vivem em seus tecidos, processo que pode levar à morte destes organismos.
A pesquisa mostra que, embora apenas 15% dos episódios de branqueamento tenham ocorrido em períodos de alto estresse térmico nas últimas décadas, 80% dos casos foram registrados após 2010, refletindo o aumento das temperaturas oceânicas e o impacto das mudanças climáticas. As regiões mais afetadas historicamente estão entre o litoral do Nordeste e Sudeste do Brasil, onde também se concentram os esforços de monitoramento.
O estudo destaca a importância de manter e ampliar os programas de monitoramento no país, além da criação de um banco de dados nacional para facilitar o registro e o acesso a informações sobre branqueamento de corais. Essa iniciativa será fundamental para compreender melhor os efeitos do aquecimento dos oceanos nos ecossistemas marinhos brasileiros.
A pesquisa foi liderada pelo egresso da PG-SER Gabriel Lucas Xavier da Silva (Doutorando ScienceTokyo) e bolsista do programa Monbukagakusho ofertado pelo Ministério de Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia (MEXT) do Japão, Milton Kampel (INPE) e Takashi Nakamura (ScienceTokyo). O estudo completo pode ser acessado em https://doi.org/10.1007/s00338-025-02649-2
Figura: (A) Área de estudo destacando a distribuição espacial dos habitats de recifes de coral (em vermelho) e ecorregiões marinhas (em preto) obtidas de Spalding (2007): SEST = Sudeste; EST = Leste; NST = Nordeste; AMZ = Amazônia; TMV = Trindade e Martim Vaz; FNA = Fernando de Noronha e Atol das Rocas; SPSP = São Pedro e São Paulo. Os principais rios ao longo da costa brasileira estão destacados em azul, e a quebra da plataforma continental é apresentada a aproximadamente 200 m de profundidade. (B) Distribuição espacial dos 173 eventos reportados de branqueamento na área de estudo durante 1992–2022. Cores mais escuras indicam maior severidade do branqueamento. (C) Comparação do número de previsões positivas verdadeiras de branqueamento durante as décadas de 1992–2009 e 2010–2022. (D) Boxplot da distribuição dos valores diários de DHW. As linhas vermelhas indicam o valor da mediana em cada categoria de severidade de branqueamento. Cores mais escuras indicam maior severidade do branqueamento.