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Pesquisadores propõem a priorização do bioma Cerrado nas discussões para o acordo Mercosul-União Europeia

Em publicação na Nature Sustainability, os pesquisadores de pós-doutorado INPE/FAPESP Michel Chaves e Guilherme Mataveli e os pesquisadores Ieda Sanches e Marcos Adami, da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática (DIOTG / CGCT / INPE), em parceria com Rafaela Aragão (Griffith University) e Erasmus zu Ermgassen (UCLouvain - Université catholique de Louvain) ...
publicado: 20/07/2023 18h20 última modificação: 20/07/2023 18h25

Em publicação na Nature Sustainability, os pesquisadores de pós-doutorado INPE/FAPESP Michel Chaves e Guilherme Mataveli e os pesquisadores Ieda Sanches e Marcos Adami, da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática (DIOTG / CGCT / INPE), em parceria com Rafaela Aragão (Griffith University) e Erasmus zu Ermgassen (UCLouvain - Université catholique de Louvain) discutiram a situação atual do bioma Cerrado e propuseram mecanismos para restaurar a plenitude de suas funções ambiental, econômica e social. A discussão é central em meio às negociações para o acordo Mercosul-União Europeia.

A carta "Reverse the Cerrado's neglect" chama a atenção para a necessidade de ampliar estratégias que unam provisão de serviços ecossistêmicos e produção agrícola no bioma. Excluído de esforços importantes que visam sustentabilidade na cadeia produtiva nacional, como a Moratória da Soja, o Cerrado tem enfrentado aumento nas taxas de desmatamento, especialmente em áreas de expansão da fronteira agrícola, como o MATOPIBA. A perda de vegetação nativa tem alterado temperaturas, a capacidade das plantas lançarem umidade no ar, o regime de chuvas e, consequentemente, a produtividade agrícola. Estes efeitos já ameaçam a viabilidade de diferentes sistemas de cultivo e causam concentração exacerbada de terras e endividamento de agricultores - fatores prejudiciais, também, à própria agricultura nacional. Projetos de lei e acordos multilaterais em tramitação nas esferas nacional e internacional podem desprotegê-lo ainda mais, deixando-o como 'zona de sacrifício' para o desenvolvimento da agricultura. Tal cenário torna o Cerrado o bioma mais ameaçado do Brasil.

A boa notícia, segundo os pesquisadores, é que existem mecanismos específicos para o Cerrado, baseados na ciência, que podem reverter este cenário e conciliar preservação ambiental com expansão agrícola. Logo, priorizar o bioma nas discussões diplomáticas é urgente para evitar crises ambientais e socioeconômicas de repercussão internacional.

A publicação, que teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e contou com integrantes associados aos laboratórios Agricultural Remote Sensing lab (AgriRS) e TRopical Ecosystems and Environmental Sciences lab (TREES), pode ser acessada pelo link: https://rdcu.be/dg3ac.

 Vegetação nativa e agricultura no Cerrado. Foto: Marcos Adami.

Figura: Vegetação nativa e agricultura no Cerrado. Foto: Marcos Adami (DIOTG / CGCT/ INPE).