A comunidade científica brasileira e todos os que lutam pela preservação da Amazônia perdem uma importante voz com o falecimento do pesquisador Dalton Valeriano, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Dalton não foi apenas um cientista entre tantos; foi a voz que mostrou ao país a real situação da floresta Amazônica. Sua trajetória profissional entrelaça-se de forma indelével com a história do monitoramento da maior floresta tropical do mundo, deixando um legado que transcende sua existência física e continuará a ecoar nas políticas de conservação e no combate ao desmatamento.

No cerne de sua contribuição monumental está a estruturação do sistema PRODES (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal). Foi sob sua liderança técnica e sua visão meticulosa que este projeto, um dos mais precisos e confiáveis do mundo em seu gênero, ampliou sua forma e solidez. Dalton dedicou décadas a aperfeiçoar a metodologia de análise de imagens de satélite, transformando dados brutos em informações críticas e acionáveis. Seu trabalho garantiu que o Brasil possuísse um sistema de grande rigor científico, capaz de informar a extensão da devastação ano após ano, fornecendo a base incontestável sobre a qual se assenta o diagnóstico da situação amazônica. Foi ainda sob sua visão que o INPE revolucionou o monitoramento da Amazônia implantando o monitoramento em tempo quase real com o Deter, que contribui fortemente para o sucesso no enfrentamento do desmatamento ilegal.

A partida de Dalton Valeriano deixa um vazio imenso no INPE e na ciência ambiental nacional, pois além desse grande cientista foi um generoso mentor que formou uma geração de profissionais. Porém, sua obra permanece em cada medição precisa do desmatamento, cada polígono mapeado com exatidão, cada relatório que acende o debate público sobre o destino da Amazônia, carrega a marca de seu compromisso com a verdade técnica e a preservação da floresta. Ele nos legou não apenas uma ferramenta, mas um exemplo luminoso de dedicação, competência e amor ao patrimônio natural brasileiro. Que sua memória inspire as novas gerações de pesquisadores a prosseguir, com o mesmo rigor e paixão, o essencial trabalho de vigiar e proteger a floresta que ele tanto contribuiu para entender.